A Revolução dos Bichos, de George Orwell, é uma fábula que vai muito além de uma simples história com animais.
Cada personagem na obra representa figuras e ideias políticas importantes, mostrando como o poder pode corromper e como ideais são traídos durante uma revolução.
Essa conexão direta com eventos históricos, especialmente a Revolução Russa, torna os personagens essenciais para entender a mensagem crítica do livro.

Napoleão, Bola-de-Neve, Velho Major e Sansão, entre outros, não são apenas animais na granja; eles simbolizam líderes autoritários, idealistas, revolucionários e a classe trabalhadora explorada.
A forma como cada um age e se relaciona dentro da história revela muito sobre as dinâmicas de controle, propaganda e resistência em regimes políticos.
Por meio desses personagens, Orwell constrói uma narrativa envolvente que alerta sobre os perigos do totalitarismo e a manipulação do poder.
Quem conhece bem esses bichos entende não só a história da fazenda, mas também o contexto político que inspirou essa fábula tão atual e poderosa.
Os Principais Personagens de A Revolução dos Bichos
Os personagens de A Revolução dos Bichos mostram diferentes lados da luta pelo poder, desde quem lidera com força até quem trabalha duro e quem manipula a verdade.
Cada um representa ideias, classes sociais e estratégias usadas para controlar a granja depois da revolta.
Eles mostram as verdades duras sobre a tirania, a corrupção e a quebra dos sonhos de igualdade.
Napoleão: Poder, Autoritarismo e Corrupção
Napoleão é o porco que domina a granja com mão de ferro.
Ele simboliza Josef Stalin e mostra como o poder pode corromper.
Napoleão usa propaganda, violência e manipulação dos Sete Mandamentos para controlar os outros animais.
Ele expulsa o rival Bola de Neve e mantém o poder com o apoio dos cães, que funcionam como sua força repressora.
Napoleão cria privilégios para os porcos, distanciando-se dos ideais originais do Animalismo.
Sua liderança representa a traição da revolução, que vira uma nova forma de opressão e exploração, parecida com a dos humanos.
Bola de Neve: Idealismo e Inovação
Bola de Neve é o porco idealista, inspirado em Leon Trotsky.
Ele acredita na liberdade e igualdade para todos os animais.
Propõe ideias como a construção do moinho de vento para melhorar a vida da granja, mostrando visão de progresso e tecnologia.
Porém, sua luta é interrompida quando Napoleão o expulsa.
Isso simboliza a eliminação dos oponentes políticos nos regimes autoritários.
Bola de Neve representa os ideais puros da revolução e a esperança por uma sociedade justa, que são destruídos pela ambição e pela tirania.
Velho Major: Inspiração Revolucionária
Velho Major é o porco sábio que incita a revolta.
Ele é inspirado em Karl Marx e Vladimir Lenin, figuras que criaram as ideias por trás das revoluções comunistas.
Seu discurso fala sobre liberdade, igualdade e o fim da opressão humana.
Ele deixa um legado de sonhos e ideais, expressos nos Sete Mandamentos.
Porém, Velho Major morre antes de ver o resultado da revolução, que acaba sendo marcada pela corrupção e pela perda desses mesmos valores.
Ele é um símbolo da esperança original que motivou a luta dos animais.
Sansão: A Força da Classe Trabalhadora
Sansão é o cavalo forte e fiel, que simboliza a classe trabalhadora.
Ele trabalha duro na granja, acreditando no sonho da revolução.
Apesar disso, sua lealdade é explorada pelos porcos, que se aproveitam da força dele e dos outros trabalhadores.
Ele não recebe reconhecimento ou benefícios, mostrando como a classe trabalhadora é usada para sustentar regimes corruptos e tiranos.
Sansão representa a exploração e o sacrifício dos mais humildes, que lutam e sofrem sem atingir a verdadeira liberdade ou justiça.
Garganta: Propaganda e Manipulação
Garganta é o treinador e propagandista da granja.
Ele manipula a informação para favorecer Napoleão.
Suas palavras distorcem a verdade, confundem os animais e mantêm o controle social.
Com seu talento para mentir e justificar ações ruins, Garganta mostra como a propaganda é essencial para regimes autoritários.
Ele impede que os animais percebam a corrupção e a exploração, silenciando críticas e espalhando medo e confusão.
Moisés: Religião e Consolação
Moisés é o corvo que representa a religião e a esperança ilusória.
Ele fala da “Mansão do Açúcar”, um paraíso pós-vida para os animais.
Essa ideia distrai os animais do sofrimento e da opressão na granja.
Sua presença destaca como a religião pode servir para controlar a população, oferecendo conforto em troca da passividade.
Moisés mostra um outro tipo de manipulação, que ajuda a manter a ordem mesmo diante da injustiça e da exploração.
Personagens Secundários e Seu Papel Social na Fazenda
Na Granja do Solar, além dos líderes, outros animais desempenham papéis que ajudam a manter a dinâmica da fazenda.
Eles revelam diferentes atitudes diante da revolução, desde ceticismo, repressão, apego ao passado, até conformismo.
Benjamin: Ceticismo e Observação
Benjamin, o jumento, é o personagem que mais representa o ceticismo na história.
Ele observa tudo com atenção e não se ilude com as promessas da revolução ou com o moinho de vento.
Ele sabe que o poder pode corromper, mas escolhe não agir.
Benjamin raramente fala, mas entende o que acontece melhor que muitos outros animais.
Sua postura sugere uma crítica àqueles que, mesmo conscientes da injustiça, permanecem passivos diante da corrupção e repressão.
Benjamin também demonstra lealdade a seu amigo Sansão, o cavalo trabalhador, e sua figura traz um olhar crítico sobre os regimes totalitários que manipulam os animais.
Ele é a voz silenciosa da razão na granja.
Sr. Jones: Opressão e Origem da Rebelião
O Sr. Jones é o ex-proprietário da granja antes da revolução.
Ele simboliza a opressão humana sofrida pelos animais, o que levou à revolta inicial.
Sua gestão é marcada pela negligência e exploração, ignorando a importância do trabalho dos animais.
O desleixo dele com a fazenda contrasta com suas tentativas posteriores de recuperar o poder, mostrando sua preocupação apenas com controle.
Jones representa os regimes antigos que exploram e oprimem sem se importar com as condições dos trabalhadores ou animais.
Sua saída abre espaço para Napoleão e o aumento do autoritarismo.
Os Cães: Força e Vigilância
Os cães são os instrumentos da repressão de Napoleão.
Eles funcionam como guardas ferozes, garantindo que nenhum animal questione a autoridade.
Treinados desde filhotes, os cães simbolizam a violência usada para manter o controle e a vigilância constante da fazenda.
Eles eliminam opositores, como Bola de Neve, e intimidam os demais fazendo-os obedecer.
Sua presença reforça a ideia de regimes autoritários, onde a força física é usada para sufocar a liberdade e eliminar qualquer sinal de revolta.
Mollie, Clover, Muriel e Outros Animais
Mollie, a égua vaidosa, representa aqueles que rejeitam a revolução porque preferem conforto e os velhos luxos. Ela foge da fazenda, meio perdida em suas próprias preocupações.
Clover, o cavalo cuidadoso, tenta proteger os animais e manter alguma ordem. Ela é o lado mais sensível e leal, mesmo sem entender direito todas as manipulações de Napoleão.
Muriel, a cabra, é uma das poucas que consegue ler os mandamentos e percebe as mudanças. Ainda assim, suas ações acabam sendo bem limitadas.
Esses personagens ilustram formas de conformismo e resistência passiva diante da corrupção e opressão que surgem depois da revolução. Dá pra ver ali várias reações possíveis dos animais ao novo regime.
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